Nota da ANPOLL e do Fórum de Editores da ANPOLL sobre revistas predatórias

19-06-2021
 Nota da ANPOLL e do Fórum de Editores da ANPOLL

 

A Diretoria da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e Linguística, bem como a coordenação do Fórum de Editores da Anpoll, vêm a público informar que:

a) não compartilham informações pessoais dos congressistas e/ou associados da entidade com nenhum tipo de instituição privada ou pública, nem cogitariam cedê-las a troco de retorno
financeiro;

b) logo após a publicação dos Anais do XXXV ENANPOLL, participantes cujos trabalhos foram publicados receberam um e-mail automático de uma revista, citando o título do trabalho, parabenizando a qualidade e convidando o autor a publicar com eles. Se comparados, os e-mails são idênticos, mudando apenas o nome do destinatário e o título do trabalho;

c) a revista em questão apresenta diversas características das chamadas práticas predatórias. Algumas delas: título absolutamente genérico, não delimita uma área específica de interesse, está em língua estrangeira e é muito semelhante aos de periódicos qualificados. A revista em questão tem poucos anos de existência e, somente no ano de 2021, publicou mais de 1000 artigos, sem lista de pareceristas ad hoc, contando com um corpo editorial muito restrito, de diferentes países e diverso em sua formação. Para todo esse montante de texto ter sido avaliado (e em tempo recorde: menos de seis meses), todos os conselheiros, independentemente do seu país de origem, avaliaram, cada um, mais de 40 textos em português de áreas díspares (medicina, engenharia, psicologia, formação de professores etc.) e os poucos conselheiros do Brasil, menos de dez, avaliaram mais de 100 textos, cada um nesse prazo exíguo. O texto do email também afirma que a revista foi avaliada pelo novo Qualis Capes único como B2, em 2019. Entretanto, o Qualis 2019 ainda não foi divulgado pela CAPES, de modo que qualquer afirmativa nesse sentido não tem comprovação neste momento;

d) uma “contribuição financeira” é solicitada pretextando os cortes financeiros dos últimos anos. Curiosamente, o nome da revista não aparece em busca no Qualis Sucupira para o quadriênio de 2013-2016, ou seja, não fica claro se algum tempo essa revista existiu sem pedir “colaboração” em dinheiro por conta dos cortes financeiros dos últimos anos;

e) revistas de caráter predatório têm como prática enviar e-mails com convites nominais a participantes de congresso e garantem a publicação alegando a importância do artigo para a área de conhecimento;

f) se, no futuro, a falta de financiamento obrigará ou não revistas da área de Linguística e Literatura a cobrarem pela publicação, isso constituirá mais uma das lutas a serem enfrentadas nos próximos anos e, certamente, pagar revistas predatórias é uma péssima ideia, uma vez que indicia às agências de fomento que “aceitamos que a luta está perdida”;

g) uma rápida busca no Google (e não nos links oferecidos pelo e-mail) revelou links que também apontam para a suspeita de práticas predatórias da revista em questão;

Assim sendo, aconselhamos aos nossos congressistas a se acautelarem. Revistas – e editoras – predatórias já vinham sendo um problema no exterior e, mais recentemente, começaram a se multiplicar no Brasil. Uma publicação nelas não é reconhecida pela Sucupira e estimula uma prática antiética. Algumas editoras duvidosas chegam a convidar estudiosos para entrarem num “clube VIP” e/ou se cadastrarem como membros de corpo editorial, apenas para usarem o nome do convidado para legitimar suas atividades.

Reiteramos aos nossos associados, convidados e colaboradores que não temos relação com os e-mails que vêm sendo disparados e que repudiamos práticas predatórias em quaisquer circunstâncias.

Disponível em: https://anpoll.org.br/2021/06/18/nota-da-anpoll-e-do-forum-de-editores-da-anpoll-sobre-revistas-predatorias