Ana e Maria
Uma análise das aproximações e distanciamentos das personagens de Clarice Lispector e Conceição Evaristo
DOI:
https://doi.org/10.55847/enlaces.v1i1.771Palavras-chave:
Amor, Maria, Eixos interseccionais, Produção escrita feminina, Literatura (Afro)brasileiraResumo
O presente artigo centra-se na abordagem crítica de duas personagens femininas, Ana e Maria, dos contos “Amor” e “Maria”, que integram a obra Laços de Família (2013) e Olhos D’água (2016) das autoras Clarice Lispector e Conceição Evaristo, respectivamente, com o objetivo de analisar os mecanismos ideológicos que as aproximam e as distanciam enquanto mulheres. Em vista deste aspecto, tornam-se evidentes eixos interseccionais que atravessam a vida das personagens em estudo, inseridas numa sociedade estruturalmente capitalista, racista e sexista. Nesse contexto, a produção escrita feminina vem apresentando notória contribuição à Literatura (Afro)-brasileira como forma de questionar as ideologias que sustentam os mecanismos opressores da sociedade e subverter a ordem vigente e o próprio cânone literário, que por muito tempo privilegiou a produção literária de autores brancos e percebidos como a única possibilidade de representação literária possível. Ao privilegiar o estudo das obras desse contingente de autores, o cânone literário acaba incidindo na exclusão de produções também importantes para a sua historicidade como, por exemplo, a literatura escrita por mulheres.
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