Adaptando o discourse completion task
A documentação da fonologia prosódica em tempos de pandemia
DOI:
https://doi.org/10.55847/enlaces.v2i.923Palavras-chave:
Discourse Completion Task, Entoação, Fonologia prosódica, Entrevista remotaResumo
Este trabalho é uma reflexão sobre a implementação de uma metodologia de documentação da entoação, o Discourse Completion Task (BLUM-KULKA; HOUSE; KASPER, 1989), às novas exigências de distanciamento social, mediante o uso de simples instrumentos de comunicação e mídias sociais. Serão relatadas as primeiras etapas de um estudo de caso, o qual fez uso de diversas adaptações metodológicas, em função das restrições causadas pela pandemia, da documentação da variação suprassegmental de uma variedade de português L2, o português de Timor-Leste, em contato com suas línguas de substrato, o Tétum-praça e línguas austronésias. A documentação pôde contar com um primeiro conjunto de dados analisáveis, elicitados mediante WhatsApp (gravação de áudio e vídeo-chamada), e com o apoio de comunicações, encontros e trocas de ulterior informação pelo WhatsApp, Facebook, Google Meet e por e-mail, que permitiram refinar a metodologia, levando em conta os primeiros problemas que a experiência trouxe. Serão discutidos neste trabalho os seguintes tópicos: 1) a qualidade do áudio e as possibilidades de os participantes se autopoliciarem, melhorando as condições de gravação, mediante a escolha de lugares silenciosos e de instrumentos de gravação a eles acessíveis, 2) o treinamento metodológico, a maneira de fornecer instruções e as possibilidades de monitoramento e acompanhamento remotos que garantam melhor a manutenção do estilo semiespontâneo. São apresentadas, à luz da experiência, opções como: apresentar o questionário em bloco único ou não revelar uma situação até gravação da anterior; apresentar o questionário por escrito ou interagir oralmente; se é válido deixar os participantes a par da finalidade do estudo ou não. Na discussão tenderão a emergir as vantagens de 1) apresentar e trabalhar uma situação interativa por vez, 2) interagir oralmente e monitorar a tarefa para poder aplicar correções e retificações ao vivo, restando que o suporte escrito pode ajudar em situações onde o entrevistador é obrigado a produzir uma entoação que pode influenciar o participante, enquanto 3) não se torna prejudicial, como é lugar comum, revelar a finalidade do estudo, devido à pouca consciência fonológica da entoação, que dificulta seu controle e autoenviesamento pela mera ciência.
Referências
BARONE, M.; CASTELO, J. High pre-tonic falls in northeastern Brazilian varieties: may a prenuclear high target spreading rightward re-categorize as a nuclear leading tone? In: Cruz, M.; Frota, S. Prosodic variation (with)in languages: Intonation, Phrasing and Segments. Sheffield: Equinox eBooks Publishing, 2021 (no prelo). Descrição disponível em: https://www.equinoxpub.com/home/view-chapter/?id=30067. Acesso em: 20 nov. 2020.
BARONE, M. High pre-tonic falls in Pescara and Recife: a hypothesis of prosodic reanalysis. Trabalho apresentado em: Romanistentag - Methods in empirical prosody research. Mannheim, 26 de julho de 2015.
BECKMAN, M. E.; AYERS E. G. Guidelines for ToBI labeling, Online MS and accompanying speech materials. Colombus: Ohio State University, 1994.
BILLMYER, K.; VARGHESE, M. Investigating instrument-based pragmatic variability: effects of enhancing discourse completion tests. Applied Linguistics 21(4), 2000, p. 517–552.
BLUM-KULKA, S.; HOUSE, J.; KASPER, G. Investigating cross-cultural pragmatics: an introductory overview. In BLUM-KULKA, S.; HOUSE, J.; KASPER, G. (orgs.) Cross-Cultural Pragmatics: Requests and Apologies. Norwood, NJ: Ablex, 1989, p. 1-34.
BOERSMA, P.; WEENINK, D. Praat: doing phonetics by computer [Programa de Computador]. Version 6.1.39, 2021. Disponível em: http://www.praat.org. Acesso em: 24 fev. 2021.
BROWN, J. D. Pragmatics tests: different purposes, different tests. In: Rose, K. R. & Kasper, G. (orgs.) Pragmatics in Language Teaching. Cambridge: Cambridge University Press, 2001, p. 301-325.
BRUCE, G. Swedish Word Accents in Sentence Perspective. Lund: Gleerup, 1977.
BULGIN, J.; DE DECKER, P.; NYCZ, J. Reliability of Formant Measurements from Lossy Compressed Audio. Pôster apresentado em: The British Association of Academic Phoneticians Colloquium, University of Westminster, 29-31 de março de 2010.
FÉLIX-BRASDEFER, J. C. Data collection methods in speech act performance: DCTs, role plays, and verbal reports. In Usó Juán, E.; Martinéz-Flor, A. (orgs.) Speech Act Performance: Theoretical, Empirical, and Methodological Issues. Amsterdam: Benjamins, 2010, p. 41–56.
FROTA, S. Prosody and Focus in European Portuguese: Phonological Phrasing and Intonation. New York: Garland, 2000.
FROTA, S.; CRUZ, M. (orgs.) INAPoP - Interactive Atlas of the Prosody of Portuguese. Projeto de Investigação científica, 2010-2012.
FROTA, S.; CRUZ, M.; FERNANDES-SVARTMAN, F.; COLLISCHONN, G.; FONSECA, A.; SERRA, C.; OLIVEIRA, P.; VIGÁRIO, M. Intonational variation in Portuguese: European and Brazilian varieties. In: S. Frota & P. Prieto (Eds.), Intonation in Romance. Oxford: Oxford University Press, 2015, p. 235-283.
GILI FIVELA, B.; AVESANI, C.; BARONE, M.; BOCCI, G.; CROCCO, C.; D’IMPERIO, M.; GIORDANO, R.; MAROTTA, G.; SAVINO, M.; SORIANELLO, P. Varieties of Italian and their intonational phonology. In: FROTA, S.; PRIETO, P. (Orgs.) Intonational phonology of the regional varieties of Italian. Oxford: Oxford University Press, 2015, p. 140-197.
GOLDSMITH, J. The aims of autosegmental phonology. Current approaches to phonological theory. In D. A. Dinnsen (ed.), Current approaches to phonological theory. Bloomington: Indiana University Press, 202-22, 1979.
GRILLO, E. U.; BROSIOUS, J. N.; SORELL, L. S.; ANAND, S. Influence of smartphones and software on acoustic voice measures. International Journal of Telerehabilitation, 8(2), 2016, p. 9-14. Disponível em: https://doi.org/10.5195/ijt.2016.6202. Acesso em: 24 fev. 2021.
GRISCOM, R. Remote Linguistic Elicitation Methods. Londres: ELAR/ University of London, 2020. Disponível em: https://blogs.soas.ac.uk/elar/2020/06/25/remote-linguistic-elicitation-methods/. Acesso em: 22 nov. 2020.
KASPER, G.; DAHL, M. Research methods in interlanguage pragmatics. Studies in Second Language Acquisition 13, 1991, p. 215-247.
LADD, D. R. Intonational Phonology. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.
LEEMANN, A.; JESZENSZKY, P.; STEINER, C.; STUDERUS, M.; MESSERLI, J. Linguistic fieldwork in a pandemic: Supervised data collection combining smartphone recordings and videoconferencing. Linguistics Vanguard, v. 6 (s3), 2020, p.1-16.
LEEMANN, A.; HILTON, N. Using smartphones to collect linguistic data. Linguistics Vanguard, Special Issue, a sair.
LIBERMAN, M.; PRINCE, A. On stress and linguistic rhythm. Linguistic inquiry 8. 1977, p. 249-336.
MILLINER, S.; PAPAZOGLOU, M.; WEIGAND, H. Linguistic tool based information elicitation in large heterogeneous database networks. In: VAN DE RIET, R.; BURG, J.; VAN DER VOS, A. J. (Eds.). Applications of Natural Language to Information Systems: Proceedings of the Second International Workshop, June 26-28, 1996, Amsterdam, The Netherlands. Amsterdam: IOS Press, 1996. p. 234-246.
PIERREHUMBERT, J. The phonetics and phonology of English intonation. Tese de Doutoramento, Massachusetts Institute of Technology, 1980.
PIERREHUMBERT, J; BECKMAN, M. E. Japanese Tone Structure. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1988.
PRIETO, P. Notes sobre l'entonació dialectal del català: les oracions interrogatives absolutes. Actes del Novè Colloqui de la North American Society. Barcelona: Publicacions de l'Abadia de Montserrat, 2001, p. 349-377.
PRIETO, P.; BORRÀS-COMES, J.; ROSEANO, P. (orgs.) Interactive Atlas of Romance Intonation, 2010-2014. Disponível em: http://prosodia.upf.edu/iari/. Acesso em: 28 set. 2020.
SAKEL, J.; EVERETT, D. L. Linguistic fieldwork: A student guide. Cambridge University Press, 2012.
SILVERMAN, K.; BECKMAN, M.; PITRELLI, J.; OSTENDORF, M.; WIGHTMAN, C.; PRICE, P.; PIERREHUMBERT, J.; HIRSCHBERG, J. TOBI: a standard for labeling English prosody. In J. J. Ohala, T. M. Nearey, B. L. Derwing, M. M. Hodge and G. E. Wiebe (eds.) Proceedings of the 1992 International Conference on Spoken Language Processing, vol. 2. Department of Linguistics, University of Alberta, 1992, p. 867-870.
VANRELL, M.; FELDHAUSEN, I.; ASTRUC, Ll. The Discourse Completion Task in Romance prosody research: status quo and outlook. In: FELDHAUSEN, I.; J. FLIEßBACH, J.; VANRELL, M. (orgs.) Methods in prosody: A Romance language perspective. Berlin: Language Science Press, 2018. p. 191-227.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Marco Barone, Davi Borges de Albuquerque

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
-
Autores mantêm os direitos autorais e concedem ao periódico o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a License Creative Commons Attribution do tipo Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International (CC BY-NC-ND 4.0), que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial no periódico e não permite alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais;
-
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicado nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.