“Cheire os meus lençóis: cheiram a incenso, a cera da igreja... não cheiram a homem”: figurações do erotismo, do desejo e da repressão sexual em A Promessa, de Bernardo Santareno

Autores

  • Solange Santos Santana Possui Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia (2012). Faz parte do Grupo “Estudo do texto teatral em Língua Portuguesa”. É doutoranda em Literatura e Cultura (UFBA) desenvolvendo pesquisa sobre a representação da sexualidade, do erotismo e do amor na obra de Bernardo Santareno. Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus Salvador

DOI:

https://doi.org/10.55847/pindorama.v4i04.405

Resumo

O dramaturgo português Bernardo Santareno produziu dezenove textos dramáticos que pedem a cumplicidade do leitor ao mesmo tempo em que o resgata da inércia para arremessá-lo em mundos permeados por ironias, superstições, religiosidade, erotismo, violência, mortes, encontros e desencontros, ou seja, no mundo da marginalização social. Um desses textos teatrais será alvo de maior atenção neste artigo: A promessa (1957). Pretende-se nele analisar a relação existente entre erotismo, desejo, repressão sexual, morte e religiosidade. Acreditamos que este texto santareniano dialoga fortemente com o imaginário cristão, o erotismo pecador e envergonhado. Por isso, a morte, aliada à sexualidade, tornase uma das respostas à repressão dos sentidos e ao “erotismo torturado”, além de configurar-se como o desejo incontido de transpor limites. A agressividade e a morte, interligadas ao erotismo e ao desejo em A promessa, podem ser vistos como dados culturais típicos de uma sociedade repressora. Produzindo uma dramaturgia que traz tanto elementos tradicionais do teatro clássico quanto aspectos relacionados a seu tempo histórico-social, o estudo da obra santareniana proporciona também a rediscussão do cânone português, uma vez que sua obra traduz uma memória coletiva, identificandose com uma época em que a repressão sexual e as tentativas de anulação da individualidade eram a base para a manutenção de uma ordem que só interessava aos poderes político e religioso.

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Publicado

2018-02-02

Como Citar

SANTANA, . S. “Cheire os meus lençóis: cheiram a incenso, a cera da igreja... não cheiram a homem”: figurações do erotismo, do desejo e da repressão sexual em A Promessa, de Bernardo Santareno. Revista PINDORAMA, [S. l.], v. 4, n. 04, p. 20, 2018. DOI: 10.55847/pindorama.v4i04.405. Disponível em: https://publicacoes.ifba.edu.br/Pindorama/article/view/405. Acesso em: 18 abr. 2024.